2.10.2009

Tardes de chuva...



Tudo volta como um turbilhão. Pensamentos, lembranças, poesias, cartas de amor, sons, cheiros, sensações, canções, enfim. Nada se perde em uma tarde assim. Realmente passa muitas coisas em mente. Esqueço do mundo quando vejo o céu assim, tão...cinza.
Essa tarde tem cheiro de saudade, saudade da infância, dos amores passados que ainda se fazem presentes em mim. O frio faz-me sentir renovada, como se uma nova era começasse nesse momento. Um momento único, que faço questão de perdê-lo ao pensar como será depois.
Ora, o depois não existe! Só existe o agora. Então essa sensação de amor e paz me faz ver o mundo com outros olhos, com outro modo. Como se realmente houvesse esperança.
Sinto-me voar nas cores dessa tarde cinzenta. Outrora ainda menos colorida, pois o cinza dá um ar expectante. Como algo que renova-se. Uma tarde linda como essa não pode passar.
Gravo no meu coração a sensação que eu sinto sempre quando estas tardes vivo.

Primeiro


Lembrei agora do meu primeiro amor platônico, na primeira série, eu com dez pra onze anos. Bons tempos. Fico lembrando hoje da inocência que era você estar ‘apaixonada’ naquela época, era um sentimento sem culpa, sem medo, diria que inesquecível. Se vierem me perguntar hoje, nesse momento, se acredito em amor à primeira à vista, digo que SIM com todas as letras, acentos, pontos, tudo. É patético, eu sei, mas é um sentimento que sempre vale a pena experimentar, mesmo que nos decepcionemos, choremos e façamos outras bobagens típicas dos apaixonados, porém nada se compara à sentir aquele frio na barriga, suspirar seu nome sem sentir, se pegar pensando nele em qualquer momento do dia, sorrir ao lembrar dos momentos passados.. Sim, tudo isso muito bom.
Tive alguns amores em minha vida. O primeiro na 1ª série, era tão fantástico, tão forte o sentimento, acho que realmente ele nunca soube o que se passava comigo. Até mesmo um olhar seu me fazia petrificar, congelar aquela imagem e passar dias, ate meses lembrando, passando aquela cena tantas vezes em minha mente que sua fisionomia ficou marcada em minha mente. Férias para mim era sinônimo de saudades, de angústia, o mês mais longo do ano, pois só de pensar que passaria enormes dias sem vê-lo para mim era um martírio. Mas o tempo passa, mudamos de colégio, conhecemos outros amigos, criamos responsabilidades, crescemos e depois de quase oito anos sem nos vermos, encontramo-nos à poucos dias, onde eu jamais imaginei que fosse vê-lo. Estava bonito, sempre foi, forte, uma voz máscula, estava de azul, uma cor que definitivamente me dá sono, mas não deixou de estar um charme. Não nos falamos, mas tenho certeza que ele me reconheceu, me olhou e admirou. Por pura sorte estava bem arrumada. Gostei de tê-lo visto novamente, me fez lembrar de coisas boas da minha infância, do quanto era feliz, e não me dava conta de que o desejo de ser ‘gente grande’ só viria frustrar-me. Sim, ele foi o primeiro. Nunca nos beijamos, acho que nunca nem nos demos as mãos. Moramos no mesmo bairro, temos amigos em comum, nossos pais provavelmente se conhecem. E acho que nunca vamos nos falar, mas primeiro amor... Sempre é primeiro amor.