5.20.2009

Parajana vago





Ela subiu, pagou a passagem e sentou-se a janela. Pronto, a partir de agora ela viajaria mais uma vez em todos seus pensamentos mais íntimos, exclusivamente seus. No ônibus tinham poucas pessoas, além dela e de duas outras mulheres falantes, só o motorista e o cobrador.
O fim da tarde meio chuvosa, com aquele clima nostálgico, ela olhou fixamente a paisagem da rua. Todas aquelas casas, becos e avenidas, todos aqueles prédios e arranha-céus. Quando de repente senta-se um moço, um tanto chato, ao seu lado. Pedi-lhe umas informações sobre o local aonde está indo. Ela educadamente, responde. Com um leve sorriso, volta a sua paisagem. Ele insiste na conversa, fala sobre o tempo, sobre si... Mas ela continua compenetrada naquela paisagem.
Coloca seus fones de ouvido e ouve uma música , o rapaz constrangido cala-se. Ela sorri e o mundo pára no movimento do ônibus. Ela ainda lamenta, acha que o rapaz poderia lhe dizer algo interessante, algo que a ajudaria em sua jornada por esse mundo. No mundo real das pessoas, não dela.
Pensou em ouvi-lo, afinal não faria a menor diferença, quem sabe ela ouviria algo que a tornasse melhor. Com peso na consciência ela o fitou, olhou pro outros passageiros e disse consigo mesma:
- Ninguém mais pode, a não ser eu mesma, me tornar alguém melhor.
Voltou para sua adorada janela e ouvindo a música que aguçava seus sentidos e sentiu-se única, apenas ela estava naquele ônibus agora. A vida seguia em frente, não voltava, podia quem sabe parar, mas nunca voltava.

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